Este é um livro obrigatório. Um livro que foi escrito por alguém que também perdeu um filho, que sabe e que luta diariamente por todas aquelas que sofrem desta dor de alma que nos acompanha após perder-se um filho.
Manuela Pontes, dedica-se de corpo e alma a esta causa, procura com todas as suas forças e estratégias que reconheçam a necessidade de apoio a todas as mulheres. Escreveu com sentimento, que se sente em cada palavra que se lê. Não se consegue ficar indiferente a cada palavra, a cada frase que compõe este livro.
Sente-se na pele, o sentimento que estas mulheres vivenciam nas horas infindáveis que passam durante a perda.
Penso que mesmo quem não entende o que sentimos naqueles minutos infindáveis, o que nos tornamos depois, passa, após a leitura de Pacto de Silêncio a entender que esta é uma ferida que nunca cicatriza, que nunca mais deixamos de sentir.
A ti Manu, obrigada por mais esta aposta, por mais esta dedicação em fazer com que o mundo perceba o que sentimos, as dores de alma que vivemos diariamente depois de termos perdido um filho. Por tentares mais uma vez mostrar a todos que existimos e que estamos numa luta constante por este desejo infindável que é SER MÃE.
Um abraço do tamanho do mundo
Sandra
Olá
Como sabem faço parte da Associação Projecto-Artémis, uma associação que apoio mulheres que perderam bebés durante a gestação.
Como tantas outras associações sobrevive das quotas dos associados e de donativos. Neste momento está a decorrer uma acção de angariação de fundo atraés de um donativo de 1€, apenas 1€.
Este euro fará diferença para uma associação que precisa de apoio para também ela construir infraestruturas a nível de serviços para podermos chegar a estas mulheres, que têm como desejo, como sonho, SER MÃE.
Para efectuarem o donativo basta irem a http://olharnofeminino.zip.net/.
Sejamos solidarios, geremos esperança.
Sandra
Olá
Hoje, e nestes últimos dias tenho-me sentido particularmente triste e com necessidade de me isolar do mundo.
Parece que afinal o tempo não cura tudo, pelo menos a mim não está a curar. O pensamento constante da perda de um filho é difícil de controlar.
Continuam a cobrar que esqueça, continuam a não perceber que existem dias que para mim não são fáceis.
Parece que ao meu redor todos esqueceram que um dia eu perdi um filho, que mo foi arrancado pela vida sem ser meu desejo, sem eu ter qualquer controle.
Dedico-me a 200% ao trabalho e tem sido o que me tem movido, apenas isso, o trabalho. Sinto que estou muito mais exigente em tudo o que faço. Mas e o resto?
Emocionalmente sinto-me cada vez mais a andar para tráz, sem vontade para nada, sem vontade de sorrir.
Sinto-me sufocada, a rebentar por dentro de tanta dor silenciosa que sou obrigada a ter. Não me permitem mostrar que não estou bem, mas já cheguei a um ponto, que nem mesmo isso me faz tentar mostrar o contrário. Noto que todos dão conta que não sou a mesma, e estupidamente perguntam o que tenho, porque ando assim? Nem me apetece responder, porque sinceramente para mim não há resposta, não será obvio aquilo que se passa comigo? Pelos vistos não. Pelos visto sou diferente. Não sou, e sei bem disso, tantas mulheres como eu sabem o que é a dor de se perder um sonho, de se perder quem trazemos no ventre, independentemente do tempo de gestação, enfim, de se perder um filho.
Porque perder um filho é perder um pedaço de nós!!!
Sandra
Olá
Apenas para partilhar algo que escrevi.
"Por favor aceita as minhas desculpas, gostaria de
Saber como irias ser
Serias um anjinho ou um anjinho do mal
Uma menina irrequieta, sempre com os seu amigos
Ou um pekeno e forte rapaz com uns lindos olhos
azuis
tiraram-te de mim antes de determinarem o teu
Sexo
E nunca tiveste a oportunidade de abrires os teu
Olhos
Por vezes pergunto-me se como um feto lutaste pela
Vida
Serias um geniozinho e amarias matemática?
Brincarias com as tuas roupas de escola e me
Irritarias?
Eu questiono-me sobre a tua cor de pele e a forma do
Teu
Nariz
E da maneira como ririas e falavas rapido ou devagar
Penso nisso todos os dias
E amar-te ia independentemente de
Quem fosses
O que eu estava a viver era um sonho
Um desejo infindável de ser mãe
Afinal foi-me tirado
E o sorriso estampado na cara
Passou a lágrima constante que caí sempre que penso em ti
Tenho um milhao de desculpas para justificar a tua perda
O medo de ser mãe nunca desapareu
porque é uma aprendizagem constante
Não é algo que nascemos a saber sê-lo
Talvez me tenhas desculpado por não te ter protegido
Não te ter ajudado a crescer dentro de mim
Do céu até ao inferno e até ao céu de novo
Foi o fim de um início que tinha acabado de começar
O SER MÃE
Telvez um dia nos possamos encontrar cara a cara
Num lugar sem tempo nem espaço
Só para nós
Nunca esquecerei os 2 meses que te tive dentro de mim."
Obrigada pelo apoio
Sandra